Geir Campos

Geir Nuffer Campos nasceu em São José do Calçado em 1924, filho de pai dentista e mãe professora. Ainda jovem, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Estudou como interno no Colégio Pedro II e diplomou-se na Escola de Marinha do Rio de Janeiro. Pilotou navios do Lloyd Brasileiro e durante a Segunda Guerra Mundial participou de operações bélicas. Formou-se em Direção Teatral pela FEFIERJ-MEC, Rio de Janeiro, mestre e doutor em Comunicação Social pela Escola de Comunicação da UFRJ, onde também foi professor.

Como jornalista, colaborou nos jornais Diário Carioca, Correio da Manhã, Última Hora, O Estado, Diário de Notícias, Para Todos, Letras Fluminenses, Jornal de Letras e A Ordem, de São José do Calçado.

Apresentou por mais de 20 anos na Rádio MEC o programa Poesia Viva. Entre 1961 e 1962, foi diretor da Biblioteca Pública Estadual de Niterói, transformada por ele em um centro cultural.

Como letrista, compôs, com Neusa França, autora da música, a letra do hino oficial de Brasília.

Geir Campos dedicou-se muito intensamente ao livro. Desde novo interessou-se pela leitura, dedicando-se ao estudo de literatura e línguas. Em Niterói, onde passou a residir em 1941, frequentava assiduamente a livraria-engraxataria Mônaco, o Grêmio Literário Humberto de Campos e o Grupo de Amigos do Livro, que se reunia na Livraria Ideal. Uma espécie de guru, distribuía seu conhecimento entre os demais companheiros interessados em letras e rumos. Na Livraria Ideal passou a trazer escritores como Moacyr Félix, um de seus maiores amigos, para autografar livros nas reuniões matinais do Grupo de Amigos do Livro.

Por essa época Geir Campos já escrevia contos e poemas e fazia traduções, publicando na imprensa. Somente em 1950 publicou seu primeiro livro de poesias, Rosa dos rumos, que precedeu Arquipélago, Coroa de sonetos, Tema com variação, Canto claro, Canto provisório, Cantigas de acordar mulher, Cantar de amigo ao outro homem da mulher amada, Metanáutica e Canto de peixe e outros cantos.Sua bibliografia é vastíssima e inclui inúmeros livros de poemas, contos, peças teatrais, obras de referência, literatura infantojuvenil, ensaios, teses e até um dicionário, o Pequeno dicionário de arte poética. Seus ensaios sobre tradução são importante fonte de referência ainda hoje.

Entre os prêmios que recebeu, destacam-se o Prêmio Olavo Bilac, da Prefeitura do Distrito Federal, pelo livro Canto claro & poemas anteriores e menção honrosa no Prêmio Monteiro Lobato, da ABL, pelo ensaio "Carta aos livreiros do Brasil".

Editor, fundou as Edições Hipocampo na década de 50, com Thiago de Melo. A editora publicou inúmeros autores, consagrados ou não, em livros primorosamente ilustrados por grandes artistas. Os livros eram compostos pelos próprios editores, impressos numa gráfica após o encerramento do expediente desta e, em sua casa, com a ajuda de familiares, Geir Campos dobrava e colocava as páginas dos livros em envelopes. A tiragem das edições era de cerca de uma centena de livros. As Edições Hipocampo publicaram escritores consagrados, como Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Drummond e Guimarães Rosa, entre outros.

Tradutor, Geir Campos traduziu livros de Kafka, Rilke, Daniel Defoe, Bertold Brecht, Shakespeare, Hesse, Walt Whitman, entre outros.

Geir Campos é considerado um dos mais importantes representantes da Geração de 45, movimento da poesia brasileira em que predominavam o rigor formal e o intelectualismo, que teve como articuladores, além do próprio Geir, poetas como Péricles Eugênio da Silva Ramos e Domingos Carvalho da Silva. Antônio Cândido considera Geir Campos um dos mais significativos e atuantes da Geração de 45. Alfredo Bosi o coloca como "um dos virtuoses de sua geração" e Manuel Bandeira o considera o Guilherme Almeida da Geração de 45. Antônio Houaiss o universaliza, quando diz que "vivendo os vaivéns de nosso tempo, a obra de Geir Campos vem também apresentando facetas várias - mas sempre com uma garra de tão honesta prospecção poética, que rotulá-la sob uma rubrica qualquer seria reduzi-la a uma imobilidade que lhe é a face oposta."

Fiel à cidade onde nasceu, Geir Campos retornou algumas vezes a São José do Calçado, onde deixou parentes e tinha amigos. No final dos anos 80 e início dos 90, publicou torrencialmente poemas, traduções, crônicas e pequenos contos no jornal A Ordem, daquela cidade, apontado como o mais antigo jornal em circulação do Espírito Santo. Naquela época, também proferiu palestras e autografou livros na cidade natal.

Em 08 de maio de 1999, aos 75 anos, após uma vida dedicada ao livro e às literaturas, faleceu em Niterói, RJ, onde residiu a maior parte de sua vida.

 

Afinidades

A cidade dos escritores

Geir Campos em A Ordem

Meu encontro com Geir Campos, por Pedro J. Nunes

 

Índice de perfis e entrevistas

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