Ao receber, no final de dezembro de 2013, meu exemplar da reedição de Chão de Araguaia de Ivan Borgo, passei a ter certeza do poeta que há dentro dele e, de quebra, a ser um dos poucos felizardos a possuir tal publicação, porque foram produzidos apenas 100 exemplares, numerados, dessa reedição.
Ivan Borgo é poeta, mesmo sem querer. A prova disso já estava lá, em 1997, na publicação da primeira edição de Chão de Araguaia e quem viu aquilo sabe do que estou falando. Endosso as palavras de Miguel Depes que afirmou, na apresentação da primeira edição, que Roberto Mazzini/Ivan Borgo faz poesia há muito tempo, desde que publicou suas primeiras crônicas. Para provar isso ele “tirou” dessas crônicas pequenas pérolas de escrita poética e as reuniu num livreto com o título de Chão de Araguaia – Poemas.
São quatorze poemas emocionantes, de poucos versos, que conseguem transferir de tal forma ao leitor, com intensidade e clareza, tão lindas imagens das suas reminiscências que faltou pouco para me convencer de que além de poeta Ivan é um grande pintor, ou um fotógrafo, mesmo sem querer, nem pintar ou fotografar.
Nota
Em outubro de 2013 Ivan Borgo, parceiro dos encontros de sábado - o Sabalogos, chegou e perguntou se eu podia ajudá-lo com uma publicação.
Primeiro: quando Ivan, que não costuma ir a todos os encontros, portanto, nos vemos apenas um punhado de vezes ao ano, se aproxima e me trata como amigo de longa data, sinto ali a deferência descabida. Afinal, um dos grandes da literatura capixaba que ao ‘estrangeiro’ – quem sou eu, que cheguei aqui ontem? – dispensa amizade calorosa e sincera deixa-o (eu) quase sem voz, talvez até gagueje, como um menino que recebe atenção inesperada e interessada do mestre.
Segundo: quantos editores receberam um convite para produzir algo do Ivan Borgo? Seria uma ótima oportunidade para o editor ‘recém chegado’ mostrar seu trabalho, também um desafio. Em outro encontro, alguns sábados depois, Ivan me passou umas folhas datilografadas e um livretinho minúsculo, publicado pelo IHGES. Sua ideia: reeditar o que Miguel Depes Talon havia produzido em dezembro de 1997 para distribuir como um presente em dezembro de 2013. O tal livreto, tinha poucas páginas e o título de Chão de Araguaia – Poemas. Ivan perguntou se dava para tirar o material dali. Aceitei o serviço de produzir o livro, que nem poderia ser chamado de livro, pois não teria mais do que trinta páginas e, conforme normas técnicas, seria uma plaquete ou plaqueta. Resulta que o trabalho ficou muito bom, modéstia à parte.
Ivan pediu que o livro tivesse uma única mudança em relação ao original, no título, que passou a ser Chão de Araguaia - Excertos. Ele ainda não acredita nessa história de que é um poeta.