A longa história

Como já andei confessando por aí, tenho uma predileção especial por histórias medievais. Qualquer livro sobre a Idade Média, por princípio, me interessa. Romances, então, nem se fala.

Normalmente, quando se conversa sobre um livro, é natural que se fale do começo, do meio e até da beirada do fim do romance. Mas, com A longa história vou começar pelo fim. Quer dizer, começar e ficar por lá mesmo. Não é minha intenção vir, de volta, em direção ao início do livro, onde não há reparo algum a ser feito. Aqui, me atenho à parte onde termina a fábula e principia a longa jornada da imaginação do leitor. Sim, duvido que algum não tenha começado ali, em suas ideias, depois do epílogo, uma viagem rumo ao possível destino do Grim de Grimsby.

Por que terminou assim? Por que me deixou sentado esperando - desde aquela noite em que Grim abandonou o mosteiro - por uma reviravolta final, que eu estava certo de que aconteceria, mas que até agora não chegou?

Mesmo depois de tamanha desilusão não serei mau caráter ao ponto de contar o fim do livro. Mas, me vingo do autor (que ninguém me convence de que não fez de propósito o que fez), lançando um desafio: duvido que saiba onde foi parar, finalmente, o Grim (aquele negócio de cair no mundo, mundo prá cá, mundo prá lá, não me convenceu) e duvido da autenticidade da história afinal levada à condessa. Cá entre nós (que ele não nos ouça), tenho esperança de que desafiando Reinaldo, ele caia na esparrela e venha nos provar o que somente ele sabe. Afinal, levou anos planejando e escrevendo a coisa e certamente já tem pronto um segundo volume, onde revelará, por fim, a verdade.

O livro de Reinaldo Santos Neves, A longa história é um dos que ficarão na minha memória e na minha estante para sempre. 

 

Leia outros textos